Marton Olympio na Semana de Orientação do Rio de Janeiro
O diretor e roteirista Marton Olympio foi o convidado do segundo dia da Semana de Orientação da Academia Internacional de Cinema (AIC) do Rio de Janeiro. Ele começou a palestra perguntando para a plateia: “Quem pretende ser roteirista?”. E ficou feliz ao perceber que muitas pessoas levantaram a mão.
Marton falou sobre sua trajetória profissional e deixou claro que nenhum caminho é feito apenas de sucesso. Os primeiros trabalhos com a escrita foram com roteiros de videoaulas e vídeos institucionais. Foi a partir dessas narrativas que viu a possibilidade de subverter e fazer testes para entender a dinâmica do audiovisual. “O mercado hoje tem um milhão de ideias, os roteiristas vivem em um turbilhão criativo, mas, para as ideias darem certo, é preciso coloca-las no papel. É preciso escrever. Quem quer ser roteirista tem que enfrentar o desafio do papel em branco”, explicou.
O autor também contou sobre sua experiência na última temporada de Cidade dos Homens, no longa Sequestro Relâmpago, que fez com Tata Amaral, e nas outras diversas séries e filmes que participou, como As Canalhas (GNT), Santo Forte (Moonshot/AXN), Prata da Casa, com Diogo Vilela (Canal FOX), e sobre a colaboração no roteiro do longa Alemão 2, projeto que está trabalhando hoje.
Dentre as dicas que deu, falou sobre a importância dos roteiristas terem um olhar de produtor, do respeito que o autor precisa ter sobre qualquer narrativa e a necessidade de escutar os atores para compor os personagens. “A gente não pode escrever uma cena que não leve a história ou os personagens para algum lugar da trama. Um exercício que faço quando termino de escrever a cena é cortar os diálogos. Tento fazer a mesma cena sem diálogo”, destacou.
Por fim, e talvez um dos assuntos mais importantes da noite, Marton trouxe lições sobre representatividade e falou sobre uma demanda reprimida do mercado de realizar histórias periféricas. “Antes de escrever sobre um personagem negro todo roteirista deve assistir o documentário A negação do Brasil, de Joel Zito Araújo. Sempre que posso, em todos os trabalhos que estou fazendo, incluo algum discurso político nas cenas, coloco em discussão a relação do estado para com o negro”.
Antes de se despedir, Marton falou para a plateia: “Eu adoro ler roteiros, podem me enviar, mas não me enviem roteiros sem formatação. A formatação é o básico, pessoal!”.
Hoje (14/02) a AIC recebe Enrique Días no Rio de Janeiro e Marco Dutra em São Paulo, esta última, transmitida ao vivo pelo nosso canal do YouTube.
Texto Mônica Wojciechowski e fotos Bel Junqueira