Vencedores do FilmWorks Film Festival 2018 – São Paulo
A expectativa sempre é grande na entrega dos prêmios do FilmWorks Film Festival (FWFF). Em sua 9a edição, o evento celebra tudo o que de melhor foi produzido, no último ano, na Academia Internacional de Cinema (AIC). Além de possibilitar aos alunos a oportunidade de verem seus filmes exibidos na tela grande, a ideia é preparar os alunos para os festivais nacionais e internacionais que eles certamente terão pela frente. O evento conta ainda com uma série de parceiros, que colaboram na premiação dos vencedores.
Realizado no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, nos dias 24 e 25 de maio, o evento teve a maioria das sessões lotadas para a projeção dos 31 concorrentes – selecionados entre uma variedade de mais de 100 filmes inscritos – produzidos pelos alunos da sede paulista da AIC.
Emoção e empolgação foram as palavras de ordem, tanto entre os professores e os alunos premiados quanto na reação da plateia. Com discursos acalorados, os coordenadores Martin Eikmeier e Juliana Salazar fizeram as honras em uma noite que foi de muitos aplausos e algumas surpresas.
“A cada ano que passa, há um aumento na qualidade dos filmes, seja na produção, na atuação ou mesmo na parte técnica”, declara Juliana. “Este ano, tivemos boas surpresas. Uma delas é com as atuações, um aspecto certamente impulsionado pelo trabalho e a integração dos alunos/atores dos cursos de Atuação da AIC com os alunos/diretores.”
De acordo com Eikmeier, os bons resultados se devem ao cuidado com a pós-produção e também à relação mais intensa que tem sido estabelecida na escola entre diretores e atores, integração essa que se reflete nos filmes. “Estamos em busca de uma mudança de cultura. Se, antigamente, o diretor conhecia o ator dias antes da filmagem, hoje eles convivem e experimentam cenas juntos. O salto de qualidade no trabalho de atuação dos curtas, este ano, é um reflexo dessa aposta”, comenta.
Segundo Juliana, outro grande diferencial está no fato de os alunos terem compreendido a importância de pensar no som e na imagem já na etapa de desenvolvimento e escrita do roteiro. Essa consciência sobre a pós-produção se mostra nos curtas, que foram muito elogiados tecnicamente pelos coordenadores.
Melhor Filme, Roteiro e Som
No FilmWorks Film Festival, os curtas vencedores são escolhidos por jurados que não fazem parte da comunidade de professores da AIC. Entregue pelo fundador da AIC, Steven Richter, o prêmio de Melhor Filme deste ano em São Paulo foi para Sentir, de Olavo Ribeiro, que também venceu nas categorias Roteiro (escrito pelo próprio diretor) e Som (por Paulo Monteiro).
O filme acompanha alguns dias na vida de uma jovem atriz que perdeu a visão, mas que tenta ser independente, abordando ainda a relação de tensão e confiança entre a protagonista e uma estudante contratada para ajudá-la.
Ao receber o prêmio, o diretor fez inúmeros agradecimentos e comentou que se sente muito feliz por ter chegado a esse momento, com a ajuda dos colegas, professores e funcionários da escola. “Por isso eu fico voltando lá para a AIC, mesmo já estando formado. Conheci tanta gente legal e esse carinho é muito importante”, conta Olavo.
New Vision
Já na categoria New Vision, venceu o curta Camuflagem, de Leo Tavares. A história aborda o conflito interno da personagem Roberta, que confronta seu passado e disputa a guarda do filho. Essa categoria é específica para os curtas produzidos por alunos do FW1, o primeiro módulo do curso.
Para Ana Saito, produtora executiva da Gullane e encarregada da apresentação da categoria New Vision, é sempre válido ressaltar a questão colaborativa do cinema. “Para a gente, que investe muito em novos talentos, é gostoso poder estar aqui com vocês e ter a oportunidade de receber depois, na produtora, alguns alunos que saíram da AIC, sempre muito bem formados”, afirma.
Entre os temas dominantes, nos curtas exibidos durante o Festival, estão as crises existenciais e os relacionamentos, embora algumas questões políticas também sejam abordadas. “Todos os anos, temos assuntos dos mais variados”, conta a coordenadora Juliana. “Nesta edição, os temas vão desde o abuso sexual até refugiados, inadequação social e de gênero, a cidade como personagem, o amor em tempos modernos e lendas urbanas. O que impera é a diversidade.”
Júri Popular e Melhor Direção de Arte
O resultado da categoria Júri Popular foi apurado no decorrer do evento, já que o público precisava votar também nos últimos filmes exibidos durante a noite. O vencedor, ao final, foi Papa-Figo. No curta de terror/suspense, uma brincadeira de crianças acaba se tornando um pesadelo, quando eles se propõem a desafiar uma lenda urbana.
O troféu de melhor Direção de Arte também ficou com Papa-Figo, pelo trabalho realizado por Ana Zavascki. A equipe comemorou muito e recebeu os prêmios com entusiasmo. “Foi realmente um prazer trabalhar com vocês, um processo incrível”, declara o diretor do curta, Alex Reis.
Melhor Direção e Atuação
Há alguns semestres, o FilmWorks tem promovido atividades que envolvem a leitura e o debate de episódios marcantes ocorridos na cidade e no entorno da escola. “Nossa intenção é estimular um olhar para fora, um interesse pelo que se passa ao nosso redor”, explica o coordenador Martin Eikmeier.
Uma das discussões desses encontros foi sobre uma notícia de jornal, contando a história de uma mãe que, desesperada com a possibilidade de perder o emprego, deixou o filho recém-nascido em uma rua próxima à AIC. “As narrativas sobre o episódio não mostravam o menor interesse em compreender as condições que moveram essa mulher a fazer o que fez. Nossa intenção foi estimular os alunos a recontarem essa história. Disso, nasceu um filme belíssimo, chamado Lena”, recorda.
O delicado curta-metragem, dirigido por Gustavo Campos, levou o prêmio de Melhor Direção no FilmWorks Film Festival. Além disso, a protagonista do filme, Bárbara Santos, foi vencedora na categoria Atuação.
Melhor Fotografia e Edição
No quesito Fotografia, quem levou o troféu foi Gabriel Manso, por seu elogiado trabalho no curta Como Segurar uma Nuvem no Chão. O filme aborda um universo fabuloso, no qual uma menina/boneca parte em busca de sua verdadeira essência, encontrando outros viajantes e reavaliando suas memórias.
A melhor Edição foi para o mockumentário Caranguejo Homem, de Ruslan Alvarenga. Usando falsas imagens de arquivo e entrevistas, o filme conta a história de Cícero, um homem que, em seu aniversário de 50 anos, inexplicavelmente passa a caminhar apenas de lado.
Curta Livre e Melhor Documentário
Além das produções do FilmWorks, desde o ano passado o Festival inclui as categorias no Curta Livre, que premia filmes feitos pelos alunos do curso livre de Cinema, e Melhor Doc, para os trabalhos realizados no curso livre de Documentário. Quanto aos atores que participam dos filmes, em sua maioria são alunos do curso Técnico em Atuação para Cinema e TV e também do curso livre de Atuação para Cinema e TV.
Este ano, o prêmio de Curta Livre foi para o filme Dentre a Fresta, de Pedro Braga. A história aborda os conflitos internos de uma jovem que, morando sozinha e longe da família, recebe a notícia da morte de seu pai – fato que desencadeia lembranças sombrias de seu passado.
O Melhor Doc, segundo o voto dos jurados, foi Dia de Visita, de Daniela Bontorim, Olívia Ometto, Ian Schleif, Andrea Weber, Murilo Paiva e Carlos Merigo. O filme acompanha um dia na vida de uma moradora da periferia que se prepara para visitar o filho detento, em um trajeto duro e solitário.
Confira todos os vencedores:
- Melhor Filme – Sentir, de Olavo Ribeiro
- Júri Popular – Papa Figo, de Alex Reis
- Roteiro – Olavo Ribeiro (Sentir)
- Direção – Gustavo Campos (Lena)
- Arte – Ana Zavascki (Papa Figo)
- Fotografia – Gabriel Mando (Como Segurar uma Nuvem no Chão)
- Atuação – Bárbara Santos (Lena)
- Som – Paulo Monteiro (Sentir)
- Edição – Ruslan Alvarenga (Caranguejo)
- New Vision – Camuflagem, de Leo Tavares
- Curta Livre – Dentre a Fresta, de Pedro Braga
- Melhor Documentário – Dia de Visita, de Daniela Botorin, Olívia Ometto, Ian Schleif, Andrea Weber, Murilo Paiva e Carlos Merigo
A Premiação
O troféu não é o único prêmio que os vencedores levam para casa. As empresas parceiras da AIC ofereceram ainda, como parte da premiação: estágio remunerado e kit de DVDs (Gullane); locação de kit fotográfico (Locall); mixagem e correção de cor (Cinecolor e CTAV); três diárias de kit de câmera (Monstercam); DCP (Mistika); serviço de acessibilidade (Iguale); aluguel de kits de iluminação (Naymar); diárias de correção de cor (Link Digital); e aluguel de kit de câmera no valor de R$ 4 mil (Youle etc.).
*Texto: Katia Kreutz – Fotos Alexandre Borges e Bia Takata