Estopô Balaio, novo documentário de Cristiano Burlan, estreia nos cinemas
Tudo começou com a professora Ana Carolina Marinho, que dá aulas no curso de Interpretação para Cinema e integra o coletivo Estopô Balaio. Ela quem levou o diretor e professor Cristiano Burlan a ter o primeiro contato com a história e os moradores do bairro Jardim Romano, onde reside o coletivo e Ana atua na peça “O que Sobrou do Rio”, que conta sobre os frequentes alagamentos que acontecem no bairro do extremo leste paulistano, localizado nas regiões de várzea do Rio Tietê. “Aquela história de resistência me estimulou a conhecer melhor o lugar e as pessoas. Passei a visitar o bairro e o grupo sempre com uma câmera na mão. Com esses encontros surgiu a vontade de realizar o documentário”, conta Burlan.
Estreia
Três anos se passaram desde o primeiro encontro. “Estopô Balaio”, o novo documentário do premiado diretor de “Mataram Meu Irmão”, tem sua pré-estreia amanhã (14), às 19h30, no Centro Cultural São Paulo e a estreia oficial acontece quinta-feira, dia 16, no CineSesc, Cine Luiz Segal e no Circuito SPCine em São Paulo (os horários de exibição ainda não foram divulgados).
O Filme
O filme, que encerrou Festival Latino-Americano de 2016 e participou do 40º Festival de Brasília, investiga como a arte opera em situações de trauma social e mostra a interação entre o Coletivo Estopô Balaio e os moradores do Jardim Romano – bairro que ficou submerso por três meses em 2010 – e como eles reinventam sua vida e criam perspectivas de sobrevivência e re-existência.
O coletivo é formado por artistas migrantes de diversas linguagens residentes na cidade de São Paulo que, a partir da experiência pessoal de migração, investiga a memória migrante na cidade de São Paulo através de meios e modos de produção que partem da ideia de teatro documentário e biodrama.
Com o Coletivo de criação, que há cinco anos desenvolve uma residência artística no bairro, nasce um processo de reconstrução de memória social que reúnem artistas, moradores e jovens moradores que vem se formando artisticamente através de atividades de desenvolvidas na sede do coletivo. Além de três peças, criadas a partir de depoimentos dos moradores e suas experiências com as águas, outros processos estão sendo criados, como intervenções urbanas, ensaios de cena na rua, saraus, espetáculos festa, projeção de filmes em espaços públicos e instalações, sempre com o objetivo de trazer os moradores como protagonistas dessas experiências, para que resinifiquem suas memórias.
“Fui criado no Capão Redondo, bairro da zona sul de São Paulo. Com certeza esse trabalho que realizei junto com o grupo Estopô Balaio é um retorno as minhas origens e um diálogo político e social com meu passado”, conta Burlan. “As águas inundam com frequência as casas, as ruas e devastam o cotidiano dos moradores, que são obrigados a reinventar a vida. A arte se alia a esse processo. São todos atores nesse processo de fabular a própria vida. Todos pactuam com o ato teatral”, conta.
Outros Alunos e Professores
O filme ainda conta com a participação do também professor Henrique Zanoni, que assina a produção ao lado da professora Ana Carolina Marinho e dos ex-alunos da Academia Internacional de Cinema (AIC): João Macul na Direção de Fotografia, Charlene Rover, Cris Hernandez, Carolina Meneghel, Marcelo Paes Nunes (Montagem), Lucas Negrão, Gabriel Silvestre, Monique Lemos, Bruno Trentin.
FICHA TÉCNICA
ESTOPÔ BALAIO
Direção: Cristiano Burlan
Produção: Ana Carolina Marinho Henrique Zanoni
Fotografia e Câmera: João Macul Cristiano Burlan
Roteiro: Ana Carolina Marinho Cristiano Burlan Marcelo Paes Nunes
Montagem: Marcelo Paes Nunes Cristiano Burlan
Coletivo Estopô Balaio: João Júnior, Adrielle Rezende, Ana Carolina Marinho, Ana Maria Marinho, Bruno Fuziwara, Clayton Lima, Edson Lima, Keli Andrade, Juão Nin, Lisa Ferreira, Paulo Oliveira, Ramilla Souza, Wemerson Nunes, Amanda Preisig e Jhonny Salaberg
Duração: 78min
Ano: 2016
Gênero: Documentário
Distribuição: Bela Filmes
*Fotos Ramilla Souza, Cristiano Burlan e Ana Carolina Machado