José Henrique Fonseca fala sobre o longa “Heleno”
José Henrique Fonseca fechou a Semana de Orientação da Academia Internacional de Cinema (AIC) do Rio de Janeiro. Além do bate-papo com o diretor e produtor, o público assistiu ao filme “Heleno”, dirigido por José Henrique. O longa conta a história do jogador de futebol Heleno de Freitas (Rodrigo Santoro), considerado um gênio explosivo nos campos de futebol e galã nos salões da sociedade carioca.
Sem romantismos, José Henrique falou sobre as dificuldades de se fazer filmes “sem mercado”. Contou sobre a produção, captação e filmagens do longa. “Rodrigo Santoro e eu não ganhamos nada pelo filme, não foi um filme para ganhar dinheiro, mas me orgulho muitíssimo dele. Com uma narrativa densa, em preto e branco e a história de um cara autodestrutivo, definitivamente não poderia ser um filme comercial”, contou rindo. “Tive que ser um pouco Heleno, apaixonado pelo projeto, lutando contra o mundo para o filme sair do papel”.
O diretor falou sobre o processo de pesquisa, a falta de depoimentos de contemporâneos do jogador – já que a maioria não estava mais vivo -, e sobre os caminhos que escolheu para não tornar o filme numa saga. “Nós não tínhamos imagem em movimento do Heleno, não sabíamos como ele falava, nosso esforço não era o de reconstruir e sim recriar. A maior parte da nossa pesquisa é baseada na biografia escrita pelo jornalista Marcos Eduardo Neves (Nunca houve um homem como Heleno), mas precisamos fazer um recorte, Heleno teve uma vida bem mais dura do que o filme mostra”, contou.
Falou um pouco sobre a parceria com o diretor de fotografia Walter Carvalho e de como ele comprou imediatamente a ideia de fazer o filme em preto e branco, “foi uma delícia filmar com o Walter, o set era quase familiar, tudo foi muito planejado e decupado e correu bem”. Também contou dos ensaios sistemáticos que duraram dois meses, de como fez um filme com locações como o Maracanã e o Copacabana Palace com apenas 8 milhões e do patrocínio do empresário Eike Batista.
José Henrique também falou sobre sua admiração e curiosidade sobre pessoas e personagens que são incompreendidos. “Os poucos filmes que fiz são sobre pessoas que estão, de certa forma, contra a parede. Gosto de personagens mais difíceis, que estão no limite. Quero sempre fazer filmes sobre pessoas que são mal interpretadas”.
Por fim, o bate-papo acabou com o diretor questionando os estudantes: “Quais os artifícios que você tem para contar uma história? Qual a intenção que você quer passar com determinada cena? O que te motiva, como diretor, a fazer um filme? Preciso confessar que o cinema me dá prazer, mas ao mesmo tempo um certo pânico, como a relação que temos com a montanha-russa, em um parque de diversões, por isso precisamos saber exatamente o caminho que estamos seguindo”.
*Fotos: Karol Salldanha