Professores e Alunos AIC no Festival do Rio
De 01 a 14 de outubro acontece um dos mais prestigiados eventos do cinema brasileiro, o Festival do Rio. A Academia Internacional de Cinema (AIC) – que não poderia ficar de fora dessa grande festa do cinema nacional, será (muito bem!) representada com três curtas de alunas e professores.
Os Filmes
A mostra competitiva de curtas conta com o filme “Marrocos”, das ex-alunas Andrea Nero e Iajima Silena, que fizeram o Intensivo de Documentário Férias. O filme é sobre o antigo Cine Marrocos que hoje é ocupado por cerca de 500 famílias organizadas em torno de um movimento social pela habitação e traz como tema a transitoriedade. “O espaço já foi palco de importantes episódios da cinematografia brasileira. A palavra Marrocos transforma-se em ponte possível de acesso à culturas que possuem a prática nômade e o cenário desértico como elementos marcantes de um imaginário praticamente atemporal. O documentário utiliza-se destes elementos para abordar – privilegiando aspectos sensoriais e imagéticos – as realidades provisórias que atravessam a história de vida do Cine Marrocos e de seus atuais moradores”, diz a sinopse do curta.
“Entrar em tantos festivais como o festival de Vitoria, Internacional do Rio, Campinas, Curta Canoas e agora também no Curta Rio é algo inimaginável. É muito emocionante ver um sonho se materializando. Quando escrevemos o argumento deste curta, queríamos que as imagens falassem por si. Que a fala ou depoimentos, caso houvessem, fossem pontuais. Queríamos o imagético, o sensorial. A finalização de cor e imagem enriqueceram a fotografia e a trilha original nos passa a sensação de tempo. Juntas hipnotizam e podemos contemplar os detalhes do Cine Marrocos”, conta Andrea.
Iajima Silena diz que ver um filme seu entrando em festivais é realmente uma emoção bem bonita. “Lembro que durante o processo estávamos focados em fazer esse jogo de buscar os vestígios do cine Marrocos, apresentandoa configuração atual do espaço, ocupado pelo movimento MSTS. Isso acabou por materializar a nossa busca por esse conceito de transitoriedade e ressignificação dos espaços através dos tempos”, conta.
Já a mostra Novos Rumos conta com os filmes “Imóvel”, do coordenador do Curso de Cinema, Isaac Pipano e “Outubro Acabou”, dos professores Karen Akerman e Miguel Seabra Lopes, que dão aulas no Curso de Documentário.
“Imóvel”é uma adaptação livre de um conto do escritor argentino Julio Cortázar. Mostra um personagem que, diante da porta da própria casa fechada, impossibilitado de abri-la, é levado a lidar com a cidade de outra forma. “Acredito que o filme produz um corpo-a-corpo com a cidade do Rio de Janeiro e a sensação de constante deslocamento nessa cidade”, conta Isaac. Ele conta também que ficou muito contente e surpreso com a seleção do filme. “Imóvel é um filme de orçamento baixíssimo, produzido e dirigido coletivamente por mim, Lucas Andrade e pelos também professores Jo Serfaty, Ricardo Fogliatto e Pedro Pipano. Nesse sentido, ele pouco se parece com a maioria dos filmes exibidos no festival, cuja grande maioria possui fortes vínculos com o mercado e distribuidoras. O filme é atravessado por questões ligadas à ocupação da cidade e problemas urbanos, como a especulação”.
“Outubro Acabou” é uma reflexão sobre as angustias, anseios e desejos cinematográficos que se mistura com os ingênuos desejos de uma criança (filho no casal), diz Karen em entrevista para o Canal Curta. “O Outubro Acabou estreou no festival de Tiradentes, onde ganhou o prêmio de melhor filme pelo Canal Brasil e depois disso já rodou por mais de 10 festivais, e agora fará a sua estreia carioca no festival do Rio”, conta Karen.
O Festival
O Festival do Rio, que todos os anos exibe filmes inéditos, dedica uma atenção especial ao cinema nacional. Este ano o festival conta com 41 longas e 19 curtas brasileiros em sua 17ª edição.
Na Première Brasil, uma das mostras mais esperadas e concorridas do Festival, serão exibidas produções de diretores estreantes e consagrados, com filmes dos mais variados enfoques e regiões do país. O público escolhe o melhor filme nas categorias ficção, documentário e curta, através do voto popular e um júri oficial elege as demais categorias.
Dentro da Première Brasil, a mostra competitiva Novos Rumos se consolida como um espaço aberto à diversas linguagens cinematográficas, com produções de cineastas estreantes e veteranos em sua seleção.
Além da Première Brasil outros filmes brasileiros serão exibidos nas mostras Panorama, Expectativa, Midnight Movies, Fronteiras, Itinerários Únicos e Tesouro, que vai exibir o clássico Menino de Engenho, de Walter Lima Jr em cópia restaurada.
Todos os filmes da Première Brasil terão sessões especiais no Cinépolis Lagoon, sessões populares no Odeon – Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro e debates com o público e diretores serão promovidos pelo Cine Encontro.
*Fotos divulgação dos filmes