Matias: da Floresta para os Festivais de Cinema no Mundo
Conhecer um remanescente sertanejo, que vive isolado em uma reserva florestal já é um daqueles momentos na vida que a gente não tira nunca da memória. Conviver com o personagem, entrar em seu habitat e documentar sua história para exibi-la em festivais de cinema mundo afora, é algo indescritível, conta o diretor do filme e ex-aluno da Academia Internacional de Cinema (AIC), Felipe Tomazelli, que cursou o Filmworks – Curso de Direção Cinematográfica em 2006.
A História
O documentário registra cenas do cotidiano de Matias, um remanescente sertanejo de 61 anos que nasceu e sempre viveu no mesmo local, o Parque Estadual Nascentes do Paranapanema (PENAP), criado em 2012. Em 26 minutos, o filme mostra Matias totalmente integrado aos ciclos e ambiente da floresta, em meio a criação de animais e cultivo de subsistência. A linguagem prioriza as imagens, sem falas, com sons do ambiente e trilhas.
Felipe e Ricardo Martensen, parceiros na direção do filme e sócios da produtora Trilha Mídia, conheceram Matias por intermédio do irmão de Ricardo, um biólogo que trabalhava no Parque.
Como o filme nasceu
Preocupados com o destino de Matias, uma vez que a legislação brasileira não permite a permanência de moradores que não sejam indígenas depois que um parque é criado, resolveram apostar num pequeno vídeo para registrar o cotidiano do eremita e comprovar sua profunda relação com a terra. A ideia era apenas usar o filme para demonstrar que sua permanência no local não causaria qualquer impacto indesejável ao parque. Mas, a paixão pelo projeto cresceu.
“Depois de enfrentar três horas de trilha, atravessando a mata fechada num 4X4, chegamos a um belíssimo vale, onde se via uma construção bem simples, a casa do Matias. Foi esse o nosso primeiro contato com Matias. Ele dividia seu tempo com galinhas e cachorros. Descobrimos que nasceu naquela casa e suas únicas companhias são os animais. Percebemos que Matias não procurou o isolamento, apenas se recusou a abandonar a floresta. Indissociável de sua terra, tem papel fundamental para manter o equilíbrio da floresta. Após o contato inicial, fascinados pelo personagem, voltamos decididos a escrever um projeto e buscar financiamento para fazer um documentário sobre aquela história. Um ano e meio depois estávamos de volta ao belo vale, onde ficamos uma semana filmando”, conta Felipe.
Os Festivais
A história deu tão certo que o filme está rodando o mundo. Em maio esteve na Polônia na seleção oficial do 54º Krakow Film Festival. Entre os dias 22 e 30 de outubro estará na seleção oficial documental sobre o meio ambiente do 31º Festival de Cine de Bogotá, na Colômbia. Entre os dias 15 e 22 de novembro estará no Camerimage, também na Polônia. No dia 09/10, às 20h, o filme será exibido em São Paulo, no Cine MIS.